A Plataforma 2: Uma Análise Profunda e Reviravoltas Surpreendentes
Spoilers à vista: este artigo discute detalhes cruciais sobre o filme "A Plataforma 2".
A Estrutura Inovadora e Absurda da Prisão
Em um cenário futurista perturbador, tanto "A Plataforma" quanto "A Plataforma 2", dirigidos por Galder Gaztelu-Urrutia, compartilham um ambiente claustrofóbico: uma prisão em forma de torre composta por centenas de andares. Cada andar abriga dois detentos, e um buraco central permite que os prisioneiros visualizem o que acontece em andares acima e abaixo. Uma vez por dia, uma plataforma descendo do topo, carregada com alimentos, oferece aos prisioneiros a chance de se alimentarem. No entanto, essa oportunidade é cruelmente distribuída; aqueles no topo da torre consomem à vontade, enquanto os que estão mais abaixo se contentam com as sobras.
As Regras Intrínsecas da Sobrevivência
A brutalidade existencial da prisão tem um efeito disruptivo nas relações humanas. Em "A Plataforma 2", percebe-se uma mudança significativa no comportamento dos prisioneiros. Um novo código de conduta emergiu, criando um sistema baseado na honra. Os prisioneiros são instruídos a pegar somente porções razoáveis de comida, em nome da solidariedade e da sobrevivência coletiva. Esta nova filosofia é ela mesma uma forma de controle, e os que quebram as regras enfrentam consequências violentas.
A Nova Protagonista: Perempuan
A narrativa de "A Plataforma 2" gira em torno de Perempuan (interpretada por Milena Smit), uma artista que foi aprisionada por razões que se revelam ao longo do filme. Perempuan navega na nova estrutura, adotando os princípios do sistema de honra, mas sem deixar de lado a luta por sua sobrevivência. Ao contrário de muitos prisioneiros que ignoram a nova ordem, ela tenta se adaptar a um ambiente que muda constantemente.
O Papel da Compaixão e da Traição
Dentro desse contexto, a "bondade" se torna uma moeda escassa. Aqueles que acreditam na solidariedade frequentemente se chocam com os que priorizam a sobrevivência individual. Entretanto, o que a nova dinâmica traz é uma fissura radical nas relações humanas, onde empatia pode rapidamente se transformar em egoísmo. O filme se torna um estudo sobre a fragilidade das normas sociais em condições extremas.
A Reviravolta: O Retorno de Trimagasi
No clímax da narrativa, um dos grandes choques ocorre com a reintrodução de Trimagasi (Zorion Eguileor), um personagem que já havia morrido no primeiro filme. A grande revelação é que "A Plataforma 2" não é uma continuação, mas sim uma prequela. O filme ocorre cerca de um ano antes dos eventos de "A Plataforma". Essa revelação muda radicalmente a perspectiva do espectador sobre a relação entre os dois filmes e sobre a própria prisão.
A Configuração Temporal e Suas Implicações
Esta nova linha do tempo não apenas redefine a história de Perempuan, mas também recontextualiza as ações do primeiro protagonista. Enquanto "A Plataforma" retratava uma luta pela sobrevivência que não deixava espaço para solidariedade, "A Plataforma 2" mostra que um sistema anterior de colaboração foi tentado, mas falhou. O que começou como uma tentativa de igualdade e fraternidade rapidamente se deteriorou em caos, mostrando uma prisão que não aprendeu com seus erros, mas sim retrocedeu.
A Dinâmica da Reorganização Mensal
Além da luta interna, um fator exacerbante é a reorganização mensal dos prisioneiros. Sob o efeito de gases tranquilizantes, os detentos são transferidos para diferentes andares, instigando uma constante incerteza em relação à sua posição. Essa rotação impede que qualquer grupo se estabeleça de maneira confortável e fomenta um clima de desconfiança e medo.
Temas Centrais de "A Plataforma 2"
A Fragilidade da Sociedade
Um dos temas mais despontantes em "A Plataforma 2" é a fragilidade da sociedade sob condições extremas. As estruturas que normalmente sustentam as relações humanas são testadas até o limite, e o filme levanta questões sobre o que somos capazes de fazer quando confrontados com a iminente morte e a escassez.
A Luta entre Individualismo e Coletivismo
A luta entre o individualismo e o coletivismo se torna um tema central, refletindo dilemas éticos que são intensificados pelo ambiente opressivo da prisão. Os prisioneiros são forçados a escolher entre o bem-estar coletivo e sua própria sobrevivência, gerando conflitos morais que são palpáveis ao longo do filme.
Uma Reflexão sobre a Natureza Humana
Neste contexto, "A Plataforma 2" se torna uma meditação sobre a natureza humana e as instituições sociais. As ações dos prisioneiros falam sobre a capacidade de altruísmo que pode ser mantida mesmo nas condições mais adversas, mas também evidenciam a natureza egoísta que pode emergir quando a sobrevivência está em jogo.
Conclusão
"A Plataforma 2" não apenas expande o universo criado em seu predecessor; ele desafia a audiência a reavaliar tudo o que pensava saber sobre a prisão e as interação humanas sob pressão. A revelação de que este filme é uma prequela melhora consideravelmente a narrativa original, criando um espaço para o entendimento das complexidades que cercam a luta pela sobrevivência.
Por meio de personagens bem desenvolvidos e uma trama intrincada, "A Plataforma 2" não é apenas uma continuação do sofrimento, mas sim um convite para refletir sobre como decisões tomadas em um sistema falho podem ressoar ao longo do tempo, criando consequências que reverberam, tanto para os indivíduos quanto para a sociedade.
Imagens e Créditos
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Crédito: Netflix
Crédito: Netflix
Neste artigo, explorei as reviravoltas inesperadas em "A Plataforma 2" e as implicações mais profundas de sua narrativa, destacando sua relação com questões sociais críticas que ressoam em nossa própria realidade.