O ator John Boyega estrelou três dos 16 filmes de Star Wars existentes, interpretando o desonesto Stormtrooper que virou mocinho Finn em Star Wars: O Despertar da Força (2015), Star Wars: Os Últimos Jedi (2017) e Star Wars: A Ascensão Skywalker (2019). Boyega gostou de interpretar Finn, mas deixou claro, principalmente em uma entrevista à GQ de 2020, sua decepção com a forma como a série tratou seu personagem; Finn foi criado para ser um protagonista e foi afastado por razões que pareciam ser baseadas em racismo. Boyega também ficou desanimado com o hábito da Disney de microgerenciar Star Wars, sentindo que os atores da franquia corriam o risco de ser envolvidos exclusivamente em projetos de Star Wars. “Você não vai para a Disney + comigo”, disse ele em uma ocasião, rindo, para a Variety.
Não houve um filme de Star Wars desde 2019, pois a Disney + meio que matou a galinha dos ovos de ouro. O mercado cinematográfico estava saturado, o público não respondeu muito bem a vários dos novos filmes e a franquia mostrou-se difícil de controlar. O estúdio voltou-se para a TV, lançando vários programas de streaming relacionados a Star Wars. Desde 2014, houve seis programas de animação, sete programas de ação ao vivo (incluindo alguns ainda por vir) e sete programas classificados como “microsséries”. John Boyega teve que surfar em cima de todo esse “conteúdo” só para respirar.
Em 2016, Boyega estava concedendo muitas entrevistas à imprensa para vários filmes de Star Wars e foi – talvez naturalmente – questionado sobre sua relação com a série e quais poderiam ser seus filmes favoritos em uma edição da revista Star Wars Insider. Em uma escolha controversa, Boyega afirmou que o filme O Retorno de Jedi, de Richard Marquand, de 1983, é o melhor filme de Star Wars.
A sabedoria convencional dos fãs normalmente determina que Star Wars, de George Lucas, de 1977, ou O Império Contra-Ataca, de Irvin Kershner, de 1980, são os melhores filmes de Star Wars. O Retorno dos Jedi é normalmente elogiado pelos efeitos das criaturas – a sequência estendida no palácio de Jabba the Hutt está repleta de alienígenas e monstros – mas comumente criticado pelos Ewoks brincalhões e pontos repetidos da trama; o filme culmina com a destruição de outro Estrela da Morte.
Boyega, no entanto, sente que o filme também é forte do ponto de vista do personagem. Ele afirmou:
“O Retorno dos Jedi é meu filme favorito, porque você encontra Luke Skywalker em um momento muito vulnerável. No primeiro filme, ele estava aprendendo quem ele é e aprendendo sobre esse mundo especial que existe lá fora e que ele nunca conheceu. O Retorno dos Jedi é uma ótima mistura de drama, comédia e expande um pouco o universo em termos dos Ewoks e outras criaturas que você encontra no filme. É o meu favorito porque é o estabelecimento de cada personagem em um ponto diferente de suas vidas. Você vê toda a história de um ponto de vista diferente.”
O que é justo. O Império precisava ser derrotado novamente, mas os personagens agora estavam mais confortáveis como força de combate; eles não eram novatos no tempo de guerra como eram no filme de 1997. Luke (Mark Hamill) agora está ferido e adulto, tendo aprendido que o malvado Darth Vader (David Prowse) é seu pai. Han Solo (Harrison Ford) agora é um general, e a Princesa Leia (Carrie Fisher) realiza missões de resgate disfarçadas. Todos eles são agora pessoas de ação.
Boyega também gostou da mudança de perspectiva. George Lucas pegou algumas dicas estruturais de “The Hidden Fortress” de Akira Kurosawa para fazer “Star Wars”, especificando que a história foi contada a partir do ponto de vista de dois personagens secundários desajeitados. Em Star Wars, esses personagens se tornaram os androides R2-D2 e C-3PO. Jedi, disse Boyega, abandonando essa presunção e, ele sentiu, era mais forte por isso. Ele declarou:
“Sempre vi os dois primeiros filmes do ponto de vista de R2-D2 e C-3PO. Eu só me importava com esses androides. Esses androides estão apenas sendo trocados e repassados, e a história é contada do ponto de vista deles. Mas O Retorno dos Jedi é focado na história de Luke Skywalker e ele está se tornando o principal Jedi nas ruas agora e isso foi muito legal para mim.”
O que é justo.
Deve-se reconhecer que durante anos Jedi foi considerado pelos fãs o melhor filme de Star Wars, uma noção vista no filme “Clerks”, de Kevin Smith, de 1994. Quando um personagem diz que prefere O Império Contra-Ataca, outro declara essa opinião como “blasfêmia”. As opiniões populares, ao que parece, mudaram.
*Os 16 filmes de Star Wars são: “Star Wars” (1977), “The Star Wars Holiday Special” (1978), “O Império Contra-Ataca” (1980), “O Retorno dos Jedi” (1983), “Caravana da Coragem: Uma Aventura Ewok” (1984), “Ewoks: A Batalha por Endor” (1985), “The Great Heep” (1986), “Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma” (1999), “Star Wars: Episódio II – Ataque dos Clones” (2002), “Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith” (2005), “Star Wars: A Guerra dos Clones” (2008), “Star Wars: O Despertar da Força” (2015), “Rogue One: Uma História Star Wars” (2016), “Star Wars: Os Últimos Jedi” (2017), “Solo: Uma História Star Wars” (2018) e “Star Wars: A Ascensão Skywalker” (2019).