É difícil culpar Lucas pela decisão de nos poupar das cenas de tortura de Han, já que “Império” já era um filme bastante sombrio. É um filme onde todos os nossos heróis falham de uma forma importante e aparentemente irreversível; Han é capturado, Luke perde uma mão e Leia fica com o irmão. Todo mundo está tirando L’s aqui, e talvez fosse melhor não insistir muito nisso. A revelação de Vader por si só foi suficiente para horrorizar o público; não precisávamos assistir Han sendo torturado para entender que estávamos assistindo o temido ponto baixo do ato II da trilogia se desenrolar diante de nossos olhos.
Também ajuda o fato de o filme já incluir um breve vislumbre de Han prestes a ser torturado, seguido pelo som dele gritando fora da câmera. O filme não se demora muito nisso, mas nos dá detalhes mais que suficientes para imaginar o que Han está passando. “Ele não será prejudicado permanentemente”, diz Vader – é tecnicamente reconfortante, mas considerando que os gritos de Han ainda estão em nossos ouvidos, é uma das falas mais perturbadoras do vilão.
Uma situação semelhante ocorreu nas sequências de filmes de “Guerra nas Estrelas”, exceto que desta vez era Chewbacca quem deveria ser mostrado sendo torturado. Era para haver uma cena super sombria e emocional em que Kylo Ren interrogaria brutalmente nosso amigo peludo favorito em “The Rise of Skywalker”, mas felizmente isso também foi cortado do produto final. Ninguém quer ver Han ou Chewie serem torturados, ao que parece. Por mais escolhas questionáveis que a franquia “Star Wars” tenha feito ao longo do tempo, pelo menos os filmes sempre pareceram entender esta regra básica: quando as coisas ficam também escuro, às vezes é melhor cortar.